Neste site reuni alguns dos muitos trabalhos que realizei, com o intuito de compartilhar o que venho produzindo nesses mais de 20 anos de inspiração, criação, dedicação e paixão pela arte.  Abaixo segue um breve currículo. Seja bem-vindo!

 

CURRÍCULO

Designer, ilustradora, artista visual e atualmente cursando história da arte na EBA/UFRJ, a carioca Lu Martins tem seus desenhos estampados em livros, quadros, tecidos, objetos de porcelana e peças publicitárias.

Foi capa e matéria da revista Publish, e Ziraldo escreveu sobre seu trabalho em quatro páginas da revista Palavra.

Trabalhando como diretora de arte da agência de propaganda Utópos, recebeu classificação ouro no 24º Prêmio Colunistas Promoção Brasil (2006), pelo trabalho Coleção de arte Spoleto, onde 35.000 pratos com suas ilustrações inspiradas na Mata Atlântica foram distribuídos por todo o Brasil.

Em 2007, através da empresa Fase 10 Ação Contemporânea, desenvolveu novos desenhos da Mata Atlântica em pratos de porcelana (10.000 unidades), como brinde de final de ano para a Fundação SOS Mata Atlântica e o Bradesco Pé Quente.

De 2000 a 2003, trabalhou como designer gráfica na Xerox do Brasil, desenhando tramas para documentos de segurança. Em 2002 nasceram suas primeiras estampas ‒ criações exclusivas para diversas confecções, que até hoje continua a desenvolver, e a partir de 2007 começa a criar  ilustrações para diversas editoras: Record, Empório do Livro, Martins, Pólen, Nau e Lacre.

Em 2008 começa a pintar a série de telas Exuberância, cujo tema é novamente a vegetação da Mata Atlântica, para o marchand Maurício Pontual.

Desde 2010 vem realizando, junto à Fase 10, diversos serviços de programação visual no âmbito dos espaços e instituições dedicados à arte contemporânea, tais como concepção visual e projeto gráfico de livros de arte, criação de peças gráficas e montagem/sinalização de espaços expositivos. Recentemente, o livro “Diálogo com cartas” de Jocy de Oliveira, cujo projeto gráfico é assinado por Lu, recebeu o 1º lugar no prêmio Jabuti 2015 na categoria Arquitetura, Urbanismo, Artes e Fotografia.

Em 2015 foi contemplada com o prêmio de melhor trabalho do Centro de Letras e Artes na XXXVII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, tecnológica, Artística e Cultural da UFRJ, com a pesquisa “A Barca da Cultura de Paschoal Carlos Magno – A arte e as artes na década de 1970”, tendo como parceira Raíssa Souza de Lima e como orientador Marcelo da Rocha Silveira.

Endereço currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4627496981227311

 

DEPOIMENTOS

“LU MARTINS

Uma artista no design gráfico”

fora dos padrões puramente técnicos que alia sensibilidade artística, domínio das ferramentas e interação com a obra do artista. Assim vejo Lu Martins em diversos trabalhos que produzimos juntos, tanto na área institucional quanto na criação e produção individual. Durante um ano e meio de convivência na edição e projeto gráfico-visual de minha exposição “órbita” na OI Futuro e realização do meu livro “Xico Chaves”, que será lançado em março, também pela OI e Editora Fase 10, pude confirmar sua extrema capacidade de síntese e análise a se desdobrarem em uma linguagem afinada com a proposta poética que desejava. Durante esta trajetória Lu sempre esteve aberta a sugestões e discussões conceituais sobre minha proposta artística e as obras que estavam sendo selecionadas, tratadas, editadas e redimensionadas. Sua versatilidade e abertura para debater ideias e conteúdos de forma a encadear com eficiência o roteiro de minha “trajetória” muito me impressionaram e, a seu lado, diante do computador, revivemos momentos importantes da minha vida e recriamos a memória que me faltava. Muitas vezes paramos o trabalho editorial para conversarmos sobre a própria vida, histórias que se relacionavam às obras e momentos históricos importantes cujo relato não se repetirá, mas que impregnaram de alguma forma o que foi produzido e certamente estarão registrados na visualidade e nos textos que foram se construindo. Lu Martins é uma poeta do design gráfico.”

Xico Chaves / Artista visual, poeta e diretor do centro de Artes Visuais da FUNARTE

“No transcurso de minha vida profissional, interagi com alguns designers gráficos e todos, sem exceção, contribuíram para a construção de minha trajetória profissional. Lu Martins, no entanto, é a designer com a qual mais gosto de trabalhar. Talvez pelo fato de também ser artista visual, Lu consegue se exprimir de maneira clara, inteligente e, sobretudo, sem os maneirismos que, muitas vezes, assolam os projetos gráficos dos designers brasileiros.”

Nelson Ricardo Martins / Fase 10 Ação Contemporânea

“A maior beleza da natureza é a capacidade de produzir infinitas diferenças. Das galáxias, a menor partícula do átomo, nada é igual entre si. A particularidade de cada coisa é uma espécie de norma. A natureza nos dá uma prova irrefutável desta originalidade em cada detalhe e em cada ser existente. O homem criou a arte para burlar a sua normalidade artificial e civilizatória. Os artistas, ao menos os pertinentes, em geral são aqueles que conseguem expressar uma singularidade natural, quase fácil, mas que aos olhos do espectador parece difícil e incrível. Lu Martins consegue justamente este efeito em seu trabalho exuberante e fractal. Em sua obra o figurativo e abstrato flertam entre plantas e flores, sem se preocupar com os velhos ‘ismos’ de academia e nem com as iconoclastias de última hora. Justamente o encanto das pinturas da Lu reside neste ponto, na impossibilidade de ser igual.”

Sergio Maurício Manon / Editor da revista Santa Art Magazine

“Exuberância (Houaiss): fartura ou superabundância; copiosidade, profusão, riqueza. Sentido figurado: entusiasmo, vivacidade.
Adendo pessoal.
Florestas multicoloridas vistas através da neovisão luciana e suas derivas. Ver pelos olhos dela; olhos deslocados à mão-que-desenha-e-pinta. Copiosidade extrafigurativa. Neovegetação em loucas seivas a cores. Principiar na preponderância das retas; ondas em agregação contínua; errar labiríntico na proliferação viral ondulante; floresta marítima policromática. Aventura dos ventos desformantes.”

Damian Kraus / Psicanalista e tradutor

“O trabalho  de todo ilustrador passa por uma incontornável oscilação entre duas posturas: até que ponto o ilustrador pode ou deve ter um estilo pessoal, até que ponto o seu estilo pessoal deve apagar-se perante as necesidades de adaptação ao texto que será ilustrado? No trabalho que fiz com Lu Martins sobre os poemas para crianças de Fernando Pessoa, essa dicotomia perdeu toda importância. A fusão do seu estilo pessoal com a mais estrita compreensão, transfigurada em visualidade, do sentido de cada poema, se cumpriu à perfeição. Não sei o que mais admirar nesse trabalho, se a beleza plástica intrínseca de cada imagen, se o agudo entendimento do espírito de cada poema demonstrado pela ilustradora, coisas que, para lembrarmos Camões, juntas se acham raramente.”

Alexei Bueno / Poeta, editor e crítico literário

“Você já deve ter ouvido alguém dizer de si mesmo: “Minha vida daria um romance”. Pois ao ouvir a história de Lu Martins, você diria para ela: “Sua vida daria uma saga”. È muito divertido ouvi-la reservada e tímida, à primeira vista. Ela começa contando que é sobrinha-neta de Paschoal Carlos Magno, uma das grandes figuras brasileiras do século que acabou, um homem intrépido e criativo (se bobear, já vão esquecê-lo).

Lu é sobrinha-neta, também,do mitológico pioneiro da aviação brasileira, Euclydes Pinto Martins, o cearense que deu nome ao aeroporto de Fortaleza. Este seu também intrépido tio inaugurou a rota Rio-Nova York-Rio, voando num aviãozinho feito com lona e com hélice de madeira, e sua história está para ser contada, tem um filme vindo por aí. Sua mãe foi uma das mais lindas bailarinas do Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio, Vera Greenhalgh, e quem a viu ali afirma que ela teria ganho o concurso da Globo de mulher mais bonita do século. De repente, ponho Bibi Ferreira nesta história, mas Bibi não é nada de Luciana. A única coisa que elas têm em comum é que Bibi é mãe de uma das suas irmãs, a atriz e diretora Tina Ferreira. É que o pai delas se chama Armando Pinto e, recentemente, no quarto casamento, deu mais dois irmãozinhos à Lu, num total de sete. Armando Pinto (!) foi ator e produtor teatral, ator de peças infantis, trabalhou com Paschoal, de quem era sobrinho, e já fez de tudo na vida, sempre armando alguma, reiventando o mundo, renascendo a cada volta do tempo. A intrépida Luciana Martins tinha que se transformar numa mulher criativa. Como são seus irmãos, o também designer Sergio Mauricio Manon e o jovem empresário Nelson Ricardo Martins, que saiu ao pai e inventou o outdoor em bicicleta-como é que eu não tive esta idéia!? – que fica passeando propaganda nas ciclovias do Rio. Luciana é incrivelmente saudável, basta olhar o seu sorriso. E isto porque na infância, tomou leite de besouro, uma das criativas descobertas de seu pai, que fervia besouros no leite das crianças, e depois de cozidos os besouros e coado o leite, servia-o aos filhos para garantir os bons pulmões que têm hoje.

Mas eu queria falar era de Lu Martins – que é como Luciana assina seus desenhos, uma moça doce e serena que, no seu jeito de falar e sorrir, passa para seu interlocutor uma suave sensação de paz. Encantei-me com suas meninas numa exposição de seus trabalhos na Feira Hype do Jockey do Rio. Era sua primeira exposição, e me aconteceu a mesma coisa que já havia acontecido quando descobri os trabalhos de Konstantin Christoff. As meninas da Lu me chamaram da mesma maneira que as cores do Kostantin me chamaram lá do outro lado da Avenida Atlântica, a dezenas de metros de distância. Era como se alguma coisa me dissesse: “ vai lá ver isso de perto”.

As meninas da Lu são diferentes, completamente diferentes, dos quadros do Konstantin no seu conteúdo. A Lu quer desenhar as meninas do seu tempo. O resultado, porém é de uma tal qualidade que elas te chamam e te transformam em cúmplice. Elas me lembram as garotas do Alceu, do velho e grande Alceu da revista “O Cruzeiro”. As meninas da Lu revivem as garotas do Alceu em outro tempo, em outra proposta, elas chegam depois da pop art, depois de Lichtenstein e de Andy Warhol, depois dos computadores ou depois do final do século.

Mocinhas prendadas desenham essas meninas nos cantos das páginas de seus cadernos escolares, com lápis de cor e muita sensualidade. Lu começou assim, descobrindo aí que tinha o que se chama jeito para desenho e, mais do que isto, obsessão. Cresceu desenhando, fez faculdade, virou designer, trabalhou em departamentos de arte da televisão, fez programação visual e, ao criar o símbolo da Babilônia Feira Hype, seu irmão Sergio descobriu que ela podia expor suas meninas. Que, de uma certa maneira, estão para as meninas dos cadernos escolares assim como os quadrinhos dos gibis estão para os quadros dos Lichtenstein. E aqui está uma explicação de por que acho importante o que a Lu está fazendo. Ela está saindo do computador para as telas, e existe aí uma coisa curiosa. Lu não correu atrás de uma fórmula para virar artista plástica, não há concessão no seu trabalho: é isto que ela sabe fazer. Com a alegria e a qualidade final que residem neste mistério que transforma um gracioso artesão num artista.”

Ziraldo / Cartunista e escritor